Sou uma janela
surda e despenteada,
vento dos olhares,
reflexo de nada.
Pingos poeirentos
vêm em voos lilases
ter comigo
e aterram nesta chuvinha triste,
nesta solidão imensa.
Trepida
uma memória suada
num acordeão desafinado.
Há dores à deriva
e espumas fugazes
a voltear.
A fogueira salta
e ressalta
em dores convulsivas,
órfãs de nexo.
A distancia enlouquece
em constelações ocas
conjuntos vazios de nada.
Brilhos Do ruído
das gotas
sufocantes.
Saltos altos
da memória perdida.
As minhas ruas desertas
que te procuram
e perdem-se
demasiadas vezes
na manhã clara
no som vibrante
do piano amordaçado.
Fernando Jóia 05
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