sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sou uma janela

surda e despenteada,

vento dos olhares,

reflexo de nada.

Pingos poeirentos

vêm em voos lilases

ter comigo

e aterram nesta chuvinha triste,

nesta solidão imensa.

Trepida

uma memória suada

num acordeão desafinado.

Há dores à deriva

e espumas fugazes

a voltear.

A fogueira salta

e ressalta

em dores convulsivas,

órfãs de nexo.

A distancia enlouquece

em constelações ocas

conjuntos vazios de nada.

Brilhos Do ruído

das gotas

sufocantes.

Saltos altos

da memória perdida.

As minhas ruas desertas

que te procuram

e perdem-se

demasiadas vezes

na manhã clara

no som vibrante

do piano amordaçado.

Fernando Jóia 05

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